21 maio, 2007

Campeão não, BICAMPEÃO!



Não, o F.C. Porto não é campeão. Ou melhor, não é só campeão. Em rigor, é bicampeão. Empolgado e incitado por mais de 50.000 gargantas, venceu a última final, frustrando o jogo da expectativa e provocando o fim acidentado de um sem número de auriculares que serviram de apêndice a ouvidos com um historial de profunda e longa dependência dos pés dos Dragões.

Ironicamente, a história do 22º título portista começou a ser escrito de cabeça. Marcou Adriano, antes de Moreira acrescentar reticências à crónica, enriquecida por minutos de «suspense», que, como no melhor dos filmes e em qualquer argumento que se preze, precede o clímax, o auge da narração.

O desenlace, ao estilo de um enredo rico e soberbo, proporcionou um sem-número de situações de puro arrebatamento, tornando-se difícil discernir quais os momentos mais altos do espectáculo intenso e autêntico. Se a primeira explosão de euforia, provocada pelo cabeceamento de Adriano, se os dois golos soberbos de Lisandro Lopez, se a entrada em cena de Vítor Baía, se o ondular do estádio provocado por pulos ritmados, se o bailado dos centrais quando o jogo se aproximava do final, se a transferência da loucura para a Alameda do Dragão…

O jogo é contado pelo brilho dos intérpretes, por dribles fantásticos, passes fabulosos, golos sublimes, acelerações profundas e uma superioridade inquestionável, numa reprodução mais ou menos fiel de uma época brilhante, com inevitáveis altos e baixos, que não impediram o F.C. Porto de se manter na frente da primeira à última jornada. E sagrar-se campeão. Perdão, bicampeão.

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